Ângela Slongo é professora concursada no Paraná e foi cedida à União a pedido de Dilma Rousseff. Oposição reage
A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, órgão do governo federal com status de ministério, emprega desde 2006, em um cargo de confiança, a paranaense Ângela Maria Slongo, mulher do ex-guerrilheiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) Francisco Antônio Cadenas Collazzos, conhecido como Oliverio Medina. Ela também é, desde 1986, professora concursada da Secretaria de Educação do Paraná e foi cedida pelo governo do estado ao órgão federal em 2006 – num pedido feito pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao governador Roberto Requião.
Acusado de homicídio e terrorismo na Colômbia, Medina viveu em prisão domiciliar em Brasília entre 2005 e março do ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) extinguiu o pedido de extradição para o país vizinho.
O caso foi divulgado pela revista Veja desta semana. A publicação cita que a contratação de Ângela, 45 anos, seria uma maneira de proteger o ex-guerrilheiro, acolhido como asilado político no Brasil graças ao forte lobby de políticos de esquerda, incluindo vários petistas como o ex-ministro e ex-governador gaúcho Olívio Dutra. A paranaense e o colombiano não são casados legalmente, mas vivem juntos há dez anos e têm uma filha.
Em nota divulgada ontem, a Secretaria de Pesca negou qualquer ligação do caso com as Farc e informou que “as ilações e induções sugeridas serão objeto de todas as medidas judiciais cabíveis”. A paranaense não quis dar entrevistas e não explicou os motivos da mudança para o Distrito Federal. Ela é funcionária do quadro estadual há 22 anos e continua recebendo o salário do governo paranaense, mais 60% da remuneração pelo cargo DAS-102.2 da administração pública federal, que equivale a R$ 1.511,05.
A Casa Civil do Paraná explicou que, apesar de pagar integralmente os vencimentos da professora, o valor é reembolsado pelo governo federal. A situação é legal, segundo o Estatuto do Servidor Público. A assessoria de imprensa da Secretaria de Pesca diz ainda que Ângela enviou o currículo para o órgão em busca de colocação profissional e não teve qualquer regalia durante a seleção. Ela está no órgão desde dezembro de 2006 e foi escolhida pela área técnica para trabalhar no Projeto de Alfabetização de Pesquisadores, como assistente técnica.
A secretaria é ligada diretamente à presidência da República. O atual ministro, Altemir Gregolin, foi acusado de irregularidades durante a CPI dos Cartões Corporativos, mas não será indiciado no relatório final da comissão, que será lido hoje pelo deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ). Dados do Portal da Transparência (www.portaldatransparencia.gov.br) mostram que em 2007 Ângela recebeu R$ 1,9 mil para pagar diárias e R$ 2,3 mil para indenizações e restituições de despesas a serviço da secretaria, além do salário.
A contratação da mulher de um ex-guerrilheiro chamou a atenção da oposição ao governo Lula. O líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (AM), apresentou à Secretaria de Pesca um requerimento de informações sobre a nomeação de Ângela. Em um dos sete pontos do documento, Virgílio questiona se a nomeação passou pelo crivo da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Na Câmara Federal, também houve reação. O presidente do DEM, deputado federal Rodrigo Maia, promete enviar hoje um pedido de informações à Presidência. O parlamentar quer checar se há envolvimento da administração pública federal com as Farc.
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